sábado, 21 de maio de 2016

Uma história de séculos: o pavor dos malignos lobisomens!

“Mesmo aquele de coração puro, que reza à noite as suas preces,  pode se tornar um lobo, quando o acônito floresce, à luz brilhante do luar”


Assim reza uma canção antiga que fala do risco de transformação em lobisomem. Assim como os vampiros assombravam os países do Leste Europeu durante a Idade Média, também os lobisomens perturbavam a Europa Setentrional e Ocidental na mesma época. Essas lendas podem ter tido origem a partir dos mitos dos deuses noruegueses, que alguns deles podiam se tornar lobos e ursos em dias de lua cheia. No século 16, durante a perseguição às bruxas, admitiu-se que elas poderiam se transformar em lobo para atacar as vilas e viajantes.
De acordo com os relatos da época, um lobisomem tinha características sombrias: sobrancelhas unidas, enormes garras, orelhas pontiagudas, corpo peludo e dedo polegar tão grande que fica do tamanho do dedo médio. Além, claro, do comportamento canino agressivo e selvagem. Poderia se deslocar como um humano, sobre duas patas, ou correr como um cão. Durante um ataque, primeiro cortava a garganta da vítima e depois devorava suas entranhas.

Num tempo em que a mentalidade do povo era repleta de situações sobrenaturais e após uma peste violentíssima, não é difícil de imaginar como a população ficaria assustada. O pavor de encontrar um lobisomem na sua vila era iminente.

Na Itália do século 16, acreditava-se que crescia pelos até mesmo dentro dos corpos de lobisomens. Há registros que em 1541, um suspeito foi morto e escalpelado para conferir a veracidade deste mito. Também se chegou a suspeitar que o impopular rei britânico João Sem Terra, seria um lobisomem. Uma crônica medieval narra que monges teriam ouvido terríveis uivos na sepultura do rei.

De acordo com o folclore, são muitos os processos pelos quais um homem pode se tornar um terrível lobisomem. Gervase Tillburry, um sacerdote inglês do século 14, afirma que aquele que tomar banho de riacho numa noite de lua cheia tornar-se-ia uma besta. Já no folclore italiano, uma criança poderia nascer lobisomem se fosse concebida em noite limpa de lua nova. Na França a coisa era mais simples: bastava dormir ao relento sob a luz da lua cheia em uma sexta-feira.

Na Irlanda há a história de que São Patrício amaldiçoou uma vila inteira por conta da falta de fé. Com isso, a cada sete anos todos se tornavam lobisomens e cometiam atitudes bestiais, como um devorando ao outro. Nesta parte da Europa, para se transformar num deste ser maligno bastava beber a água de um riacho que um lobo tivesse acabado de passar.

Variados também são os meios usados contra esses animais. Na França, bastava exorcizar a pessoa chamando pelo nome dela de batismo três vezes, e o de Cristo quatro vezes. Outro método indicado era extrair-lhe três gotas de seu sangue na fase animalesca e depois aplicar nesta mesma pessoa, em fase humana. Outra forma infalível era alvejar bala de prata que acabara de ser benta por um monge (parecido método também contra vampiros).

Apesar da origem nórdica, o mito do lobisomem aparece em quase todas as culturas. Depois da colonização da América, percebemos que ele chegou aos Estados Unidos e ao Brasil. Antropólogos creem que a história possa ter se originado dos relatos de pessoas com a raiva, doença atualmente praticamente extinta em seres humanos.

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